03 maio 2013

ZERO HORA

Impasse pelas árvores03/05/2013 | 04h21

Prefeitura de Porto Alegre cogita derrubar antiga linha do aeromóvel para criar parque


andre.mags@zerohora.com.br

Para a prefeitura de Porto Alegre criar uma área verde prevista em lei, o antigo aeromóvel e a sua estrutura, instalados na Praça Julio Mesquita no início da década de 80, poderão ser desmanchados.
A proposta surgiu em uma audiência pública no início do mês passado, em que se debatia o corte de 115 árvores para o alargamento da Avenida Presidente João Goulart, em frente à Usina do Gasômetro, e foi debatida ontem entre a prefeitura e promotores de Justiça de Defesa do Meio Ambiente da Capital.
A criação do Parque Corredor do Gasômetro é um dos argumentos de ativistas e moradores da região para travar o corte das árvores, previsto para a duplicação da Avenida Edvaldo Pereira Paiva (Beira-Rio), uma obra da Copa 2014. Para garantir o escoamento do trânsito, a João Goulart também será duplicada. Um trecho dela esbarra na praça onde fica o aeromóvel.

A retirada da estrutura facilitaria o acesso ao local e o melhor aproveitamento da praça dentro do parque, conforme o secretário municipal de Gestão, Urbano Schmitt. Ele salienta que até o número de vegetais derrubados poderia diminuir com a realização de mais um estudo.
As árvores começaram a ser cortadas no início de fevereiro deste ano, mas ativistas impediram a continuidade depois de 14 vegetais terem tombado. Um grupo acampa ao lado da Câmara Municipal desde meados do mês passado, vigilante para evitar novos cortes. A questão foi parar na Justiça, e uma liminar impede que novas árvores sejam cortadas. Agora, prefeitura e Ministério Público negociam alternativas. No encontro de ontem, surgiram sinais de acordo.
— A princípio, é uma proposta interessante — disse o promotor Alexandre Salz, que participou da reunião.
Para a coordenadora do movimento Viva Gasômetro, Jacqueline Sanchotene, o mais importante para a criação do parque é o rebaixamento da avenida em frente à praça. O objetivo é permitir uma área plana para os usuários, com ligação entre os diferentes pontos do parque — que integrará as praças Brigadeiro Sampaio, Julio Mesquita e áreas no entorno do aeromóvel atualmente utilizadas por Dmae, DEP e Incra. No entanto, o secretário Schmitt avisa que o valor alto impede que a obra de rebaixamento da via seja feita. A opção é construir passarelas sobre a avenida, o que é rejeitado pelo grupo.
— Estamos lutando há sete anos para ter um parque plano. A decisão do nosso movimento é não aceitar as passarelas. Se o MP aceitar, vamos recorrer — afirmou Jacqueline.
Contrário à demolição da linha do aeromóvel é o criador do meio de transporte, o engenheiro pelotense Oskar Coester. Satisfeito com os testes no novo veículo que fará o trajeto de pouco menos de um quilômetro entre a Estação Aeroporto da Trensurb e o aeroporto Salgado Filho, ele lamenta que seja cogitada a desativação da estrutura pioneira, que tem 1,2 quilômetro e poderia ser aproveitada para novos traçados na Capital, inclusive em direção à Zona Sul.
— Não queremos atrapalhar a cidade, mas não podemos pagar a conta sozinhos. No início teve um pouco de dinheiro público, mas a maior parte era meu. Foi um investimento grande, comparável ao do aeroporto, e é um patrimônio da empresa (Aeromóvel do Brasil S.A.). Depois que o projeto foi descontinuado, as nossas dificuldades (financeiras) foram enormes. Vamos ter de consultar o nosso departamento jurídico — avaliou.
http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2013/05/prefeitura-de-porto-alegre-cogita-derrubar-antiga-linha-do-aeromovel-para-criar-parque-4125874.html

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